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Semana Silo: Hugh Howey – de autor independente a autor da Simon & Schuster

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SeloSilo

O acordo do Hugh Howey com a Simon & Schuster para a publicação da série Silo foi bem atípica. E o que aconteceu antes do acordo também foi estranho. Traduzo aqui algumas partes da entrevista que o Hugh Howey deu ao site Indie Reader, contando um pouco de como ele passou de autor independente a autor da Simon & Schuster.

Vários agentes literários fizeram contato com Howey para agenciá-lo, mas ele não quis nenhum deles, pois seus livros estavam vendendo muito bem na Amazon de forma independente, e ele não tinha pretensão de arranjar um acordo com alguma editora. A agente que conseguiu fazer com que ele mudasse de ideia — não sobre assinar com uma editora, mas ser agenciado — foi Kristin Nelson. A ideia dela não era a de vender os direitos do livro, mas somente pesquisar o que as editoras tinham em mente para o livro. Ela concordava com Howey que as vendas do livro na Amazon iam muito bem e não fazia sentido mudar o curso de algo que estava progredindo.

Antes mesmo de ter uma editora, os direitos de filmagem foram vendidos, agenciado por Kassie Evashevski. A 20th Century Fox comprou os direitos, com (provável?) direção do Ridley Scott (que também dirigiu Alien) e roteiro do Steve Zaillian.

Voltando ao livro, Howey acabou indo a New York para um encontro de leitores e, também, para vários encontros com grandes editores. Nesse encontro de leitores, Howey convidou Dave Cullen, autor de Columbine, um livro jornalístico sobre um massacre numa escola em 1999. Nesse encontro, entre conversas sobre livros, músicas, TV e quaisquer outras coisas, Dave disse que iria recomendar Howey para Jon Karp, presidente da Simon & Schuster. Howey ficou muito agradecido, mas não tinha expectativas para que algo surgisse disso.

Na manhã seguinte, ao abrir seu e-mail, Howey viu que alguém da Simon & Schuster havia entrado em contato com ele, dizendo que tinha interesse em Silo e perguntando se ele era agenciado por alguém. Naquele momento, Howey pensou que Dave Cullen já havia recomendado seu livro pra Jon Karp e alguém já havia lido e entrado em contato. Mas na verdade isso foi “apenas” uma coincidência, pois um dos editores da S&S já estava lendo Silo e já estava passando a ideia de publicação para Jon Karp.

Nesse dia, antes de ir ao aeroporto de volta para casa, Hugh Howey estava frente a frente com Jon Karp, ouvindo ele perguntar “O que está acontecendo?” e tentando não ficar (mais) nervoso ao saber que tanto Dave Cullen quanto uma das editoras da S&S o haviam recomendado firmemente para Karp. Nessa conversa, em vez de ouvir vários projetos de mudanças em Silo, sobre quanto o livro era ótimo e quanto ele seria um sucesso na editora, Howey teve oportunidade de falar o que ele realmente queria caso o livro fosse publicado, o que ele realmente esperava de um contrato com uma editora.

O que Howey realmente queria era um acordo de publicação apenas para livros físicos, sem perder seus direitos aos e-books já lançados na Amazon. Mas todas as editoras queriam os direitos de seus livros, tanto físicos quanto digitais, para sempre, e, mesmo com todas as enormes quantias apresentadas, Howey não queria perder a estabilidade mensal dele por alguma bolada desconhecida. E isso vai contra o processo tradicional de publicação nos Estados Unidos. Mas Howey tinha uma pequena esperança que isso mudasse, que houvesse uma mudança nos moldes editoriais atuais. Não era algo que ele realmente acreditasse que aconteceria com ele, porque uma mudança geral na indústria é algo que acontece aos poucos, que vai crescendo com cada nova conversa, com nada nova situação.

Duas editoras fizeram concessões em seus acordos, fizeram algumas boas mudanças, mas Howey recusou as duas. Eram editoras que ele tinha contato já há alguns meses, e mesmo com todas as concessões, mesmo pensando bem no valor substancial oferecido, ele recusou, por ainda não ser o que ele realmente queria.

E então a Simon & Schuster trabalhou num acordo que realmente cobria todas as especificidades que Howey pedia. Cláusulas de não-concorrência, sem direitos digitais, termos de licença. Uma mudança inimaginável para o cenário editorial atual. Sem perder o foco no que realmente acreditava, Hugh Howey conseguiu fazer com que seus livros chegassem a mais milhares de leitores.


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